quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Dislexia?


Muitas crianças tidas como preguiçosas, sem interesse e com mau comportamento podem, na verdade, apresentar dislexia. Apesar de não ser considerada uma doença, ela é um transtorno que impede a criança de ler e compreender com a mesma facilidade de outras da mesma faixa etária.

Para elas é difícil assimilar as palavras e reconhecê-las novamente, mesmo depois de ter lido ou estudado várias vezes. A leitura se torna um grande esforço, afinal, todas as palavras aparentam ser novas e desconhecidas.

É uma dificuldade de aprendizado que abrange leitura, escrita, soletração, linguagem expressiva, cálculos matemáticos e linguagem corporal. É o mais freqüente distúrbio de aprendizado e está relacionado à evasão escolar e cerca de 15 % das reprovações.

Muitos casos de dislexia passam pelas escolas sem serem percebidos. Pesquisas mostram que 20% das crianças em idade escolar sofrem de dislexia, ou seja, de cada 10 alunos dois são disléxicos, com grau significativo de dificuldades. Estima-se que cerca de 15% da população mundial tem dislexia.


É importante que pais e professores conheçam esse distúrbio e saibam do alto número de crianças que são atingidas. Caso contrário, podem confundir dislexia com preguiça ou falta de disciplina, porque é normal que essas crianças se expressem através de mau comportamento, dentro e fora da escola.

Não é certo dizer que a pessoa disléxica certamente vai encontrar dificuldades acadêmicas e profissionais, ou que é menos inteligente. A dislexia não implica em falta de sucesso no futuro. Muitos especialistas acreditam a busca inicial de disléxicos para aprender de maneira convencional estimula sua criatividade e habilidades. Exemplo disso são algumas pessoas famosas e bem sucedidas que conviveram com o distúrbio como Leonardo da Vinci, Thomas Edison, Walt Disney, Agatha Christie e Tom Cruise.

A dislexia não é causada por falta de interesse, atenção, motivação, esforço, baixa inteligência ou condição socioeconômica. Ela é relacionada à condição genética, apresentando alterações no padrão neurológico da pessoa. Ela pode vir de um familiar que tenha algum problema fonológico, mesmo que não seja dislexia.

Classificações

Disgrafia: dificuldade em escrever, cometendo diversos erros ortográficos como inversões de letras, sílabas e números. As letras podem ser mal grafadas, borradas ou incompletas, com tendência à escrita em letra de fôrma.

Discalculia: dificuldade em compreender a linguagem matemática em seus diferentes níveis. Também existem dificuldades vindas da imprecisa percepção de tempo e espaço.

Deficiência de Atenção: dificuldade de concentrar e manter a atenção em um objetivo central. A deficiência de atenção pode se manifestar isoladamente ou associada a uma Linguagem Corporal que caracteriza a Hiperatividade ou Hipoatividade.

Hiperatividade: atividade psicomotora excessiva. É caracterizada por alguns fatores como falar sem parar, nunca esperar por nada, interromper e atropelar tudo e todos.

Hipoatividade: baixa atividade psicomotora, reação lenta a qualquer estímulo. Comumente o hipoativo tem memória pobre e comportamento vago, pouca interação social e quase não se envolve com seus colegas.

Diagnóstico

Os sintomas da dislexia podem ser percebidos em casa, mesmo antes da criança ir para a escola. O diagnóstico deve ser realizado por profissionais treinados, que fazem uma série de testes e observações, normalmente trabalhando com uma equipe multidisciplinar, que analisa o conjunto de manifestações de dificuldades. A dislexia não é o único distúrbio do aprendizado, mas é o mais comum.

Alguns sinais podem indicar um caso de dislexia. É preciso ficar atento quando a criança apresenta, na primeira parte da infância, atraso no desenvolvimento motor, na aquisição da fala, dificuldade de entender o que está ouvindo, lento crescimento do vocabulário, dificuldade em aprender cores, números e copiar seu próprio nome.

A partir do início da alfabetização, pode ter dislexia quem demonstra dificuldade para ler orações e palavras simples, na soletração de palavras, troca das palavras, a mesma palavra escrita de diferentes maneiras, dificuldades com a percepção espacial, em distinguir esquerda e direita, confusão com a sonoridade das letras, na orientação temporal (ontem – hoje – amanhã, dias da semana, meses do ano), dificuldade no traço das letras, em aprender o alfabeto, em copiar do quadro, em habilidades auditivas, falta de rapidez e ritmo na leitura, lentidão ao fazer os deveres escolares, repetição de sílabas, inventa, acrescenta ou omite palavras ao ler e ao escrever, entre outros.

Quando o jovem já está no Ensino Médio também é possível observar algumas disfunções como leitura vagarosa e com muitos erros, vocabulário empobrecido, dificuldades em aprender outros idiomas, em soletrar palavras mais complexas, em escrever redações, reproduzir histórias, nas habilidades de memória e de entender conceitos abstratos.

Tratamento

A falta de conhecimento de muitos pais faz com que eles se envergonhem de ter um filho disléxico e evitem procurar um tratamento, mas a dislexia não é superada com o tempo, não é curada sem um tratamento apropriado. Ela pode ser curada por completo, se tratada desde os primeiros anos de vida, com isso a criança apresenta menor dificuldade ao aprender a ler, evitando com que se atrase na escola ou passe a não gostar de estudar.

Existem diferentes tratamentos para dislexia, afinal, cada indivíduo tem necessidades diferentes, por isso o programa de tratamento deve ser individualizado. A maioria deles prioriza a assimilação de fonemas, o desenvolvimento do vocabulário, a melhoria da compreensão e fluência na leitura, o que ajuda o disléxico a reconhecer sons, sílabas, palavras e frases. Também é aconselhado que a criança leia em voz alta com um adulto para que ele possa corrigir os erros. Os resultados surgem de forma progressiva.

Mas não se pode esquecer que juntamente com o tratamento é importante que a criança receba apoio, com a paciência dos pais, familiares, amigos e professores. Muitos estudantes com dificuldade de aprendizado têm auto-estima baixa e se sentem menos inteligentes que seus amigos. Professores podem ajudar uma criança disléxica encorajando o aluno, descobrindo outras habilidades e usando critérios de avaliação diferenciados.

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