sábado, 6 de setembro de 2008

Milícias?


Quando a polícia não consegue resolver o problema da violência, e ela certamente não tem poder pra isso, surgem as milícias para garantir a ordem local.

A explicação para o sucesso dessas "forças de segurança" é simples: a polícia tem de agir conforme a lei, seguindo padrões estabelecidos pelo Estado, enquanto a milícia ameaça, julga e condena sem qualquer constrangimento.

Presentes nas favelas, principalmente do Rio de Janeiro, as milícias são formadas por policiais e ex-policiais militares, bombeiros, vigilantes, agentes penitenciários, entre outros, a grande maioria moradora das comunidades.

A população que reside nesses locais se divide entre opiniões contrárias e favoráveis aos milicianos. Se por um lado existe a desvantagem da cobrança de taxa pela "segurança", por outro, muitos se sentem protegidos com o controle exercido pela milícia, que põe fim ao consumo e venda de drogas.


Para quem vê a situação de fora, isto é, não vivencia o problema de fato, pode não ter a real dimensão do que acontece. E a violência, que antes tinha como protagonistas polícia e bandido, ganhou mais um personagem, o miliciano.

E a questão vai muito além do simples posicionamento contra ou a favor. A milícia controla o comércio local, determina toque de recolher e mata inocentes. Segundo moradores, são mais cruéis que os traficantes. As pessoas que moram nessas comunidades, além de viver sob constante tensão, são acusadas de apoiar esses grupos legitimando a expansão das milícias. Mas existe alternativa?

O poder das milícias

A preocupação é que essas "lideranças" ultrapassem as barreiras das favelas e cheguem ao poder. A mais recente notícia sobre o assunto é de que um deputado estadual do Rio de Janeiro estaria envolvido com a milícia. A Corregedoria da Polícia, que investiga o caso, afirma que o parlamentar comanda um grupo responsável por homicídios e intimidação de moradores para votar em candidatos por ele indicados.

E esse é apenas um dos diversos casos que têm vindo à tona às vésperas de mais uma eleição. Tanto é verdade que o próprio governo do estado do Rio de Janeiro pediu ajuda ao governo federal. Tropas militares devem ser enviadas ao estado com a intenção de garantir a segurança do processo eleitoral. As votações estarão seguras e garantidas, o mesmo não se pode dizer da população logo após o pleito.

A palavra milícia diz respeito não somente a organizações clandestinas, como as milícias que controlam favelas ou às Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC), mas a órgãos sérios, como o Corpo de Bombeiros Militares, por exemplo. Contraditório, não?

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